A agradável arte de colecionar orquídeas

Cattleya amethistoglossa

Frágeis e delicadas, as orquídeas são uma festa para os olhos. E seu cultivo não é tão difícil assim: com, alguns cuidados e um pouco de dedicação, a arte de colecioná-las pode se transformar num hobby muito agradável. Saiba como e experimente.

Uma orquídea em flor é um espetáculo de rara beleza. E que, ao contrário do que geralmente se pensa, pode acontecer todos os dias em sua casa, sem grandes dificuldades. A verdade é que, apesar do aspecto frágil e delicado que muitas vezes chega a inibir aqueles que gostariam de cultivá-las as orquídeas são resistentes e ótimas para o nosso clima. Afinal, não se pode esquecer que muitas espécies são nativas de nossas florestas.

Assim, com certos cuidados básicos de cultivo e algumas mudas de boa qualidade, você poderá ter uma coleção que vai proporcionar belas floradas durante o ano todo.

O caminho certo para conseguir boas mudas

O primeiro passo é comprar muda de cultivadores conceituados, de preferência aos poucos. Lembre-se de que em qualquer época do ano sempre há inúmeras espécies em floração. Assim, se você comprar duas ou três orquídeas por mês, acabará formando uma coleção que vai garantir sempre plantas com flores.

Um jeito gostoso de fazer isso é visitar orquidários ou feiras de orquídeas, onde, além de encontrar ótimas plantas, você tem a oportunidade de conhecer cultivadores que gostam de trocar informações e orientar os iniciantes.

E se você mora numa região onde as feiras de plantas são raras, pode comprar orquídeas pelo reembolso postal. Basta solicitar um catálogo, escolher as variedades de sua preferência e fazer a encomenda.

Mas quem gosta de aventuras tem ainda uma outra alternativa: coletar orquídeas em seu próprio habítat. Sem dúvida, esta é uma tarefa emocionante, mas exige bom senso para preservar a natureza. Tome cuidado para não estragar nenhuma planta, nunca corte árvores para alcançar um exemplar muito alto e só colha as mudas que você tem condições de cultivar.

Nunca colha uma planta, inteira. Retire apenas três ou quatro pseudobulbos da parte frontal, para que a muda possa continuar a crescer conservando a espécie na natureza. Após a colheita, faça a limpeza da parte retirada no próprio local, removendo partes secas, doentes ou quebradas e limpando toda muda com uma esponja bem limpa, macia e úmida.

As orquídeas precisam de um cantinho especial

Na natureza, as orquídeas podem ser encontradas em florestas, montanhas, vales pântanos e até em rochas Por isso fica difícil determinar de modo geral qual o melhor ambiente para cultivá-las. A epífitas, por exemplo, nascem em árvores e gostam de iluminação intensa e difusa, enquanto as terrestres podem tanto viver sob densas florestas, com baixa luminosidade, como em campos abertos, onde a luz é farta, Já as rupículas nascem fixadas em rochas, expostas ao sol pleno.

Mas, como a maioria das orquídeas cultivadas são provenientes de florestas, de modo geral pode-se afirmar que em ambientes onde as samambaias se dão bem o cultivo de orquídeas terá sucesso.

Monte você mesmo o seu orquidário

Para fazer um orquidário é importante ter um cantinho que receba o sol da manhã. Num clima como o nosso, uma boa solução é construir ripados de madeira ou bambu, de modo que os raios solares fiquem filtrados, proporcionando luz na medida exata.

Esses ripados se assemelham a armários com cerca de 2,40 m de altura. A parte do fundo, as laterais e a parte superior são feitas com ripas de madeira com 5 cm de largura. No teto, essas peças devem ser dispostas no sentido norte-sul, para o sol caminhar sobre as orquídeas no sentido leste-oeste e gradativamente ir passando sobre as plantas. Em geral, a distancia entre as ripas é de 3 cm, mas pode ser menor em regiões de luminosidade Intensa,

Com essas condições, é possível montar um orquidário com capacidade para acomodar até 200 orquídeas, considerando-se uma largura média de 5 metros. Os exemplares maiores, que necessitam de bastante aeração junto às raízes, podem ficar pendurados. A prateleira central é um bom lugar para as mudas recém plantadas e em fase de crescimento. Na parte de baixo, apoiadas em blocos, podem ficar as espécies que gostam. de mais sombra, como os cimbídios.

De preferência, use peroba sem pintura, a prateleira poderá ser pintada com óleo queimado e nos caibros de sustentação deve ser aplicado Neutrol, para evitar o apodrecimento da madeira. No mercado há ainda o Sombrite, uma tela especial para proteger as plantas do sol excessivo. Esse material, que substitui as ripas, chega a filtrar 60% dos raios solares, criando uma atmosfera ótima para a maioria das orquídeas, já que deixa os ambientes bem ventilados e protegidos tanto do sol como de insetos e outros animais.

Seja qual for o material escolhido, não esqueça que a parte sul deve ficar ao abrigo dos ventos. Portanto, deixe esse lado com a parede mais fechada e nas épocas mais frias coloque protetores de plástico transparente.

Se você não dispõe de espaço externo, pode também cultivar dentro de casa ou até no apartamento, pois a temperatura em interiores, entre 15 e 251°C é ideal para essas plantas. É só construir prateleiras junto a janelas bem iluminadas (face norte ou oeste), protegidas no lado de fora por uma tela, para que os vasos recebam sol filtrado.

Segredos para manter plantas saudáveis

Além de ambientes quentes, bem ventilados e com atmosfera úmida, as orquídeas precisam de regas e adubações criteriosas, e muita limpeza para crescerem sadias, sem o ataque de pragas ou doenças.

Por isso, conserve o ambiente limpo, sem mato, lave as prateleiras e bancadas com produtos à base de cloro e limpe periodicamente as folhas com uma flanela macia para remover o pó. De seis em seis meses, é bom lavar todas as plantas com uma esponja embebida em água e sabão neutro. Assim elas vão ficar com todos os poros desobstruídos para respirarem livremente.

A umidade na medida certa também é muito importante. Regue os vasos semanalmente, logo pela manhã, e nunca esqueça que as orquídeas gostam de solo úmido, mas detestam água empoçada junto às suas raízes. As plantas floridas não necessitam de muita água. Nessa fase, molhe apenas o solo, deixando as flores secas. Para manter a umidade do ar, pulverize as folhas com água na temperatura ambiente, principalmente nas épocas mais secas.

Na hora de adubar, você pode escolher entre duas alternativas. Aplicar um fertilizante químico com fórmula NPK 15-15-15 ou NPK: 18-18-18 a cada 15 dias, ou então um adubo natural a cada seis meses. Nesse caso, uma boa recomendação é a seguinte mistura, desenvolvida pela Sociedade Bandeirante de Orquidófilos: 30% de farinha de osso, 50% de torta de mamona, 15% de esterco de passarinho ou de codornas e 5% de cinza. Aplique longe dos rizomas das plantas para não queimá-los.

Após a floração, corte as flores murchas sempre na junção das folhas. Isso é muito importante, pois as hastes das flores são ocas e, se forem mantidas, vão acumular água e poderão apodrecer, prejudicando toda a planta. Não se esqueça de que facas, tesouras e alicates devem ser previamente esterilizados com álcool, e logo antes de serem usados em qualquer muda, a fim de evitar transmissão de doenças de uma planta para outra.

Na hora de plantar, muito carinho.

Na hora de plantar ou replantar suas orquídeas, um pouco de cuidado e carinho é fundamental para elas logo pegarem bem e retomarem com todo o vigor seu ciclo de crescimento.

Embora os vasos de barro sejam ótimos para essas plantas, elas podem também ser cultivadas em placas de xaxins (o xaxim está proibido, pode-se utilizar placas de coco), troncos ou pranchas de madeira. Para plantar em vasos escolha recipientes novos, a fim de evitar contágio de possíveis doenças.

Como substrato, use fibra de coco. Primeiramente, lave bem o vaso e também a fibra para eliminar todo o pó. Depois, tampe o furo de drenagem com cacos, coloque uma camada de xaxim e a muda, já com as raízes envoltas em um pouco de fibra. Para terminar, preencha o vaso com o substrato, compactando bem nas laterais, mas deixando as raízes da frente mais soltas para elas se fixarem à vontade no novo meio.

Se você preferir criar algumas mudas em troncos ou placas, envolva as raízes em um pouco de fibra de coco e fixe-as amarrando com um fio de cobre ou com um barbante.

As várias maneiras de reprodução

Entre pequenos cultivadores as orquídeas são normalmente reproduzidas através de mudas ou de sementes. O sistema por divisão de mudas assegura variedades idênticas à planta-mãe, mas é muito demorado para quem deseja reproduzir em quantidade, pois são necessários de dois a três anos para se obter uma nova muda.

Já a reprodução por sementes, embora demorada (leva até sete anos, desde a fecundação da flor até a primeira floração), proporciona inúmeros exemplares, mas com características diferentes da planta-mãe. Isso acontece porque o cruzamento pode ser feito entre duas espécies distintas resultando numa nova orquídea.

Por isso, cultivadores que comercializam essas plantas em larga escala, já há alguns anos, recorrem a clonagem, uma técnica de laboratório que assegura inúmeros exemplares idênticos à planta-mãe, a partir de células de folhas ou raízes. Para isso, algumas células são separadas e colocadas em um tubo de ensaio com um líquido nutriente. Depois de alguns meses, as células se multiplicam dando origem a uma pequena muda. Graças a essa técnica é possível reproduzir plantas raras ou em processo de extinção, tornando-as mais acessíveis a todos os cultivadores.



Fonte de pesquisa: Revista Casa Claudia



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